QUEIMADA QUE DESENCADEOU O APAGÃO, FOI EM FAZENDA QUE VIROU SÍMBOLO DO BIODIESEL, MAS FRACASSOU

MINISTRO EDSON LOBÃO
MINISTRO EDSON LOBÃO

 

 

A fazenda no semiárido do Piauí onde começou a queimada que, segundo o governo, desencadeou o apagão de ontem no Nordeste é área-símbolo do fracasso do projeto de “biodiesel social” das gestões do PT no Planalto.

Segundo o Ministério das Minas e Energia, a causa do apagão foi um incêndio na fazenda Santa Clara, no município de Canto do Buriti (393 km de Teresina).

 

Trata-se da área de 17 mil hectares (ou 110 parques Ibirapuera, em SP) que o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva propagandeou em 2005 como modelo do futuro dos biocombustíveis.

Na ocasião, animado com a perspectiva de produção de biodiesel a partir da mamona, Lula até chorou ao discursar para agricultores familiares da fazenda, cedida à época pelo governo do hoje senador Wellington Dias à Brasil Ecodiesel, responsável pelo projeto. O presidente falou em uma “nova Petrobras”.

“Se a gente não escolhesse a mamona, a gente iria ver o biodiesel sendo produzido da soja. Se fosse produzido da soja, ia beneficiar mais uma vez as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
E o Nordeste ia ficar abandonado”, disse Lula na ocasião.

A empresa instalou 630 famílias na fazenda, em 19 células de produção. A cada uma foi cedido uma casa e um lote, com 7,5 hectares para plantio de mamona.

A iniciativa naufragou nos anos seguintes na esteira da queda na produção de mamona e protestos de colonos. Endividada, a empresa parou de investir na mamona e liberou os agricultores em 2009 para plantarem apenas feijão. Em 2006, a usina de biodiesel da empresa usava 97% de óleo de soja e só 2% de mamona.

A firma, hoje Vanguarda Agro, não investe mais em biodiesel. A área foi devolvida ao governo do Estado, que a repassou ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) para fins de reforma agrária.

Segundo o prefeito de Canto do Buriti, Marcos Cahves (DEM), o local hoje abriga cerca de 300 famílias de assentados, que plantam milho e feijão. Três linhas de transmissão de energia passam dentro do local.

Mais de 400 ações de ex-trabalhadores da Santa Clara foram ajuizadas contra a empresa. Procurada, a Vanguarda Agro não havia respondido aos questionamentos da reportagem até a conclusão desta edição.

 

 

FONTE: FOLHA.COM

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *