SÃO PAULO – O advogado e escritor Antônio Campos, o único irmão de Eduardo Campos, divulgou nesta quinta-feira uma carta em defesa da candidatura de Marina Silva à Presidência da República.
Filiado ao PSB, membro do Diretório Nacional com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes e presidente do Instituto Miguel Arraes (IMA), Antônio afirmou estar certo de que a candidatura de Marina “seria a vontade de Eduardo”.
“Externo a minha posição pessoal que Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação Unidos Pelo Brasil liderada pelo PSB, devendo a coligação, após debate democrático, escolher o seu nome e um vice que una a coligação e some ao debate que o Brasil precisa fazer nesse difícil momento, em busca de dias melhores. Tenho convicção que essa seria a vontade de Eduardo”, escreveu o advogado.
Na carta, Antônio escreveu que a família “tem mais de 60 anos de lutas políticas em defesa das causas populares e democráticas do Brasil. O meu avô Miguel Arraes foi preso e exilado, não se curvando à ditadura militar”. Lembrou que Eduardo Campos teria continuado seu legado “com firmeza de propósitos” e “vinha fazendo o debate dos problemas e do momento de crise por que passa o Brasil, querendo fazer uma discussão elevada sobre nosso país”.
“Faleceu em plena campanha presidencial, lutando pelos seus ideais e pelo que acreditava”, disse Antônio Campos.
“O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e de correr o risco para viver os seus sonhos pessoais e coletivos. Ambos faleceram, no dia 13 de agosto, e serão plantados no mesmo túmulo, (…) onde consta uma lápide com a frase do poeta Carlos Drummond: ‘tenho duas mãos e o sentimento do mundo’”, escreveu o advogado, convocando a população a não “cultivar as cinzas desses dois grandes líderes, mas a chama imortal dos ideais que os motivava”.
Leia, abaixo, a íntegra do texto divulgado pelo irmão de Eduardo Campos:
“Não vamos desistir do Brasil”
A minha perda afetiva do único irmão é imensa, mas é grande a perda do líder Eduardo Campos, politico de talento e firmeza de propósitos.
A nossa família tem mais de 60 anos de lutas políticas em defesa das causas populares e democráticas do Brasil. O meu avô Miguel Arraes foi preso e exilado, não se curvando à ditadura militar. Eduardo Campos continuou o seu legado com firmeza de propósitos, tendo trazido uma nova era de desenvolvimento para Pernambuco. Desde 2013 vinha fazendo o debate dos problemas e do momento de crise por que passa o Brasil, querendo fazer uma discussão elevada sobre nosso país. Faleceu em plena campanha presidencial, lutando pelos seus ideais e pelo que acreditava.
O mundo está nas mãos daqueles que têm coragem de sonhar e de correr o risco para viver os seus sonhos pessoais e coletivos. Ambos faleceram, no dia 13 de agosto, e serão plantados no mesmo túmulo, no Cemitério de Santo Amaro, em Recife, túmulo simples, onde consta uma lápide com a frase do poeta Carlos Drummond: ‘tenho duas mãos e o sentimento do mundo’. Essas sementes de esperança e de resistência devem inspirar uma reflexão sobre o Brasil, nesse momento, para mudar e melhorar esse país, que enfrenta uma grave crise, sendo a principal dela a crise de valores. Não vamos cultivar as cinzas desses dois grandes líderes, mas a chama imortal dos ideais que os motivava.
Como filiado ao PSB, membro do Diretório Nacional com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes, presidente do Instituto Miguel Arraes – IMA e único irmão de Eduardo, que sempre o acompanhou em sua trajetória, externo a minha posição pessoal que Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação Unidos Pelo Brasil liderada pelo PSB, devendo a coligação, após debate democrático, escolher o seu nome e um vice que una a coligação e some ao debate que o Brasil precisa fazer nesse difícil momento, em busca de dias melhores. Tenho convicção que essa seria a vontade de Eduardo.
Agradeço, em nome da minha família enlutada, as mensagens do povo brasileiro e de outras nacionalidades.
Antônio Campos
Advogado e escritor
Recife, 14 de agosto de 2014.