Uma quarta-feira (22) tensa, marcada pela expectativa da liberação de quase 20 pessoas que ficaram 2h30, sob a mira de revólveres, durante uma tentativa de assalto a um cartório, no Centro de Imperatriz.
Dos cinco assaltantes, dois são adolescentes. Um dos homens, que pode ter planejado o assalto, cumpriu pena em Pedrinhas, na capital São Luís. Daniel Marreiro da Silva, de 34 anos, conhecido pelo apelido de “escurinho”, foi condenado por latrocínio (roubo seguido de morte) e ficou preso por 17 anos. A Justiça lhe concedeu liberdade há cinco meses, quando ele retornou para Imperatriz e voltou a morar com a mãe, no bairro Sol Nascente.
Daniel era quem negociava a liberação dos reféns, por intermédio do advogado Jamil Moura, que mantinha contato com os policiais do lado de fora do cartório. Daniel fumava e falava ao celular o tempo todo. Ele chegou a pedir que comprassem mais cigarros, além de comida e água para os comparsas e reféns.
“Nosso tempo de resposta foi rápido, nós chegamos ao local em 1 minuto e meio, aproximadamente, e pegamos os suspeitos saindo do cartório. Foi quando eles retornaram com reféns para dentro do cartório”, disse o comandante do 3º BPM, tenente-coronel Markus Lima, que fazia contato por telefone com Daniel, negociando a liberação dos reféns.
Cerca de 40 homens, entre policiais civis e militares, com apoio do Grupo Tático Aéreo (GTA), Esquadrão Águia, Grupo de Operações Especiais (GOE) e Força Tática, foram mobilizados na operação.
“Colocaram a gente no banheiro, todo mundo no banheiro, e primeiro liberaram uma grávida que tava passando mal. Foi anunciado que eu era advogado e eu comecei a falar com eles pra terem calma. Falavam muita gíria, ‘a casa caiu’, queriam algum local pra sair, pelos fundos, mas o cartório é uma caixa, só tem uma entrada e uma saída. Eu tive que mostrar pra eles que a gente não ia se evadir. Eu tava na linha de frente e eles falavam que se eu corresse matavam meu amigo, que tava comigo. Eles falaram com o comandante por telefone e foi fundamental”, relatou o advogado.Depois de muita conversa, os 17 reféns, foram sendo libertados, um a um.
“É uma situação tensa que todo mundo fica nervoso. Houve tempo de conversar muita coisa, até sobre direito, inclusive, um deles perguntou como ía ficar a situação deles, porque um era albergado”, lembrou o advogado.
Para que os assaltantes se entregassem, o comandante da Polícia Militar se comprometeu em chamar as famílias, mães e namoradas dos assaltantes, para a garantia da integridade física deles.
Eram cinco assaltantes, mas apenas três revólveres. Após a saída dos reféns e chegada dos familiares, eles colocaram as armas no chão e foram se entregando, um por vez.
De acordo com a Polícia Militar, o veículo que seria usado na fuga dos assaltantes foi visto rondando o quarteirão do cartório, mas com a chegada dos policiais, o homem que daria cobertura de carro, fugiu. Dentro da bermuda de um dos assaltantes foram apreendidos R$ 420 e mais R$ 118 com outro. Com a namorada de um deles, que foi levada na mesma van da polícia, após o bando se entregar, a PM apreendeu mais R$ 200.