VIÚVA DE CAMPOS DIZ EM ATO DO PSB QUE ATUARÁ “POR DOIS” NA CAMPANHA.

A viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB), Renata Campos, acompanhada dos filhos, durante reunião do PSB no Recife.
A viúva do ex-governador Eduardo Campos (PSB), Renata Campos, acompanhada dos filhos, durante reunião do PSB no Recife.

RECIFE – A viúva de Eduardo Campos, Renata Campos, discursou nesta segunda-feira (18) em ato do PSB no Recife, mas não disse se integrará como vice a chapa encabeçada pela ex-senadora Marina Silva, vice de Campos que vai substituí-lo como candidata a presidente. Segundo o presidente do PSB, Roberto Amaral, Renata Campos será “o que quiser“, mas, de acordo com familiares, ela “resiste” à ideia de ser vice.

Recebida aos gritos de “Renata vice”, ela leu no celular um discurso que durou pouco mais de um minuto e afirmou que agora vai participar da campanha eleitoral “por dois”. Foi a primeira declaração pública da viúva após a morte do marido. O evento do PSB, que durou pouco mais de uma hora, foi realizado em um centro de eventos no Recife como forma de convocar a militância a se engajar nas campanhas de Paulo Câmara, para governador de Pernambuco, e de Fernando Bezerra Coelho para senador.

“Gostaria de agradecer. Devem estar pensando ‘Renata, aqui, hoje?’. Eu estava com ele [Eduardo Campos] quando pediu a realização da reunião. Depois da tragédia, Sileno [Guedes, presidente do PSB estadual] me perguntou ‘E agora?’ E eu disse ‘Mantém tudo como ele queria’. Eu, como participei a vida toda de campanhas, não será diferente nessa. Tenho a impressão que tenho que participar por dois.”

Nesta segunda-feira, um dia depois do enterro do marido,  Renata completa 47 anos. Ela é mãe dos cinco filhos de  Eduardo Campos, o mais novo com menos de sete meses. Ela chegou ao evento do PSB cercada dos filhos e do irmão de Eduardo Campos, Antônio Campos. Ela pediu votos para os candidatos apoiados pelo marido.

Renata Campos disse que os sonhos de Eduardo Campos estarão “sempre vivos”. “Pode parecer que nosso maior guerreiro não está na luta, mas seus sonhos estarão sempre vivos em nós. Fique tranquilo, Eduardo. Teremos a sua coragem para cuidar do Brasil.” E se despediu dos militantes com “um beijo grande”.

Renata pode ser ‘o que quiser’
Mais cedo, ao chegar ao evento, o presidente em exercício do PSB, Roberto Amaral, falou ao chegar no ato e voltou a afirmar que Renata Campos será “o que  quiser” dentro do partido, mas negou que já tenha  conversado com a viúva sobre a candidatura a vice. Segundo ele, nenhuma decisão será tomada sem consultar Marina e Renata.

“Ela [Renata] vai ser o que quiser no partido. Nós não faremos nada antes de conversar com a Marina e com a  Renata”, declarou. Amaral se irritou ao ser questionado sobre informações de que ele próprio não queria a candidatura de Marina Silva. “Isso só parte de idiotas.”Durante o evento, em discurso para a militância, ele afirmou que Eduardo Campos deixa “vazio enorme” e que o Brasil perdeu um “jovem estadista”.

“Todos nós choramos por Eduardo e estamos chorando a pobreza do nosso país. A política perde. É um vazio enorme  e que não será substituído nem por quem vier a ser a nossa candidata.”

Foi exibido um vídeo com declarações de Eduardo Campos, no qual o ex-governador disse  que um dos ideais era continuar o trabalho  do avô, Miguel Arraes, e acabar com a pobreza no país. Campos pede, no vídeo, votos para Paulo Câmara, candidato ao governo de Pernambuco pelo PSB.

Apoio a Renata
O presidente estadual do PSB, Sileno Guedes, disse que Renata Campos terá o papel de “aglutinar” o partido após a  morte do marido. Segundo ele, não há nenhuma definição sobre se ela será ou não candidata a vice de Marina. Em conversas com familiares, ela tem resistido à ideia de ser candidata.

“Renata sempre teve papel importante nas campanhas políticas. Agora Renata terá papel mais importante, nos aglutinar e garantir à militância que o legado de Eduardo vai continuar.”

O candidato ao Senado pelo PSB Fernando Bezerra Coelho também elogiou Renata. “Eu sabia que você era forte, só não sabia que era tão forte.”

Aniversário
Depois de dar a primeira declaração em público e afirmar que iria atuar “por dois” na campanha, Renata Campos passou o dia todo na residência da família, onde recebeu amigos e parentes. A todo momento chegavam flores e presentes. Ela completou 47 anos nesta segunda, um dia depois de enterrar o marido. No fim da tarde, convidados cantaram “Parabéns pra você”.

Apesar de dirigentes do PSB afirmarem que ainda aguardam a resposta de Renata sobre se ela pretende ser candidata a vice, integrantes do partido e assessores não creem que ela queira entrar na disputa. Por meio da assessoria, a viúva não descartou e nem confirmou se quer ser candidata e informou que deve se manifestar nesta terça-feira (19).

Há dúvida sobre se Renata Campos poderia ou não ser candidata porque é servidora concursada no Tribunal de Contas de Pernambuco. Pela legislação eleitoral, ela não poderia mais ocupar o cargo desde abril, prazo final para desincompatibilização do cargo. Todas as candidaturas são julgadas pela Justiça eleitoral, que avalia se o político preenche os requisitos necessários.

Um ministro do Tribunal Superior Eleitoral ouvido pelo G1 sob condição de anonimato afirmou que entendimentos anteriores do tribunal indicam que basta não ter praticado atos no cargo. Como Renata não trabalha desde janeiro, quando entrou de licença-maternidade, poderia ser candidata.

O presidente do TCE de Pernambuco, Valdecir Pascoal, afirmou que Renata não trabalhou no tribunal nos últimos meses. Ela estava cedida ao governo do estado e tirou licença-maternidade de seis meses no fim de janeiro.

Segundo Pascoal, ela retornou ao TCE em abril, em meio à licença, que terminou em 26 de julho. Tirou na sequência 30 dias de férias, que se encerram em 26 de agosto. “A rigor, durante todo esse período, ela não trabalhou, não deu expediente”, disse Valdecir Pascoal.

O presidente do TCE não quis opinar sobre se Renata pode ou não ser candidata. “Sobre a questão da elegibilidade infelizmente não posso emitir juízo de valor, pois trata-se de matéria de competência da Justiça Eleitoral”, declarou.

 

 

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